terça-feira, 14 de julho de 2009

Sonhar com a JUSTIÇA?

Muita gente conhece o famoso discurso "I have a Dream", de Martin Luther King, pronunciado na Marcha para Washington, em agosto de 1963. Até porque ele foi muito lembrado na época da posse do presidente estadunidense Barack Obama, que rendeu, na véspera, uma homenagem ao mártir.

Sem dúvidas, é uma mensagem muito bonita que traz dados históricos e culturais sobre a situação dos negros nos Estados Unidos. Mas ela contém também nobres princípios, e referências ao direito e a justiça que fazem valer a leitura, especialmente para todo estudante de Direito.

"Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia. Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial. Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
(...)
Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só. E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, ´Quando vocês estarão satisfeitos?´ Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza."


Já escutei, em sala de aula, alguns "conselhos" de professores em relação ao exercício do Direito que me fizeram arrepiar dos pés à cabeça (por exemplo, "vocês podem saber que um contrato de meio milhão de reais os fará defender qualquer causa, por mais injusta que seja"). Mas a verdade é mesmo que, em geral, quem entra na graduação com o sonho de buscar a promoção da justiça em poucos casos não se deixa corromper pelo status da profissão e os salários de cinco dígitos.

Por isso, tenho pra mim que é importante sempre questionar qual é a motivação de se fazer uma ou outra coisa, e parar para refletir sobre mensagens como essa, que nos lembram das mazelas da realidade, que clama por pessoas que lutem pela justiça.

E você, nobre colega, está satisfeito com a simples realização pessoal?
Este não é o momento para descansar no luxo refrescante!

2 comentários:

  1. Não se deixar levar pelos 5 dígitos é realmente uma dificuldade, ainda mais quando não se da credibilidade ao "justo" que ficou decidido nos conflitos (ficou confuso, deu pra entender o que quis dizer?)

    Rafa

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  2. Gostei de conhecer esse blog. Mesmo recente, já vem mostrando para o que veio. Visite meu blog depois.

    Fernanda, por favor, qual é seu e-mail? Gostaria de trocar alguns textos. Obrigado.

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